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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Teatro: PATAGÔNIA

O SUTIL DUELO PSICOLÓGICO
DE PATAGÔNIA




Patagônia conta a história de duas prostitutas que se encontram no enterro de uma cafetina. Apesar de o relacionamento de Graziele e Kátia com a morta se esclarecer com o andamento da narrativa, fica sempre um enigma no ar. Afinal, o que aquela moreninha irônica está fazendo no velório? Se não trabalhou para a cafetina e não a conhecia direito, qual seu interesse de estar ali? Por que Kátia fica tripudiando de Graziele durante toda a trama?

Escrita pelo romancista & dramaturgo Furio Lonza, dirigida por Xando Graça (ator consagrado de Rasga Coração, O Mambembe e O Interrogatório) e interpretada pelas atrizes Diana Hime e Joana Lerner, Patagônia é um sutil duelo psicológico, uma espécie de quebra-cabeças, no qual as peças vão se encaixando pouco a pouco no tabuleiro da vida. As duas personalidades antagônicas (uma, ácida; a outra, solar) estimula o confronto, engrenando um brutal jogo de perguntas & respostas.

Patagônia tem a contundência verbal de Plínio Marcos e a retórica incestuosa de Nelson Rodrigues. É uma longa jornada em busca do entendimento. Procura misturar comédia e drama e valoriza os silêncios. A cada revelação, a história muda de rumo. A cada instante, uma nova surpresa.

Embora bem-humorados, os diálogos são duros, cínicos, por vezes, amargos. O espectador acompanha passo a passo a evolução do relacionamento das duas num suspense que cresce pouco a pouco, para compor (no final) um quadro de muita ternura e solidariedade, encontrando uma saída alegórica, onde os sonhos das duas prostitutas podem se realizar.

Patagônia não se limita a contar a história dessas duas prostitutas, ela vai além, questionando, criticando e convidando a uma reflexão maior sobre o atual estágio de glorificação da futilidade. Nesse contexto, a peça brinca com a concorrência desleal das celebridades. Em dado momento da peça, Kátia desabafa: A prostituição perdeu o glamour. Saiu do puteiro e está nas capas das revistas dos ricos e famosos. Todo mundo é puta, hoje: apresentadora de TV, cantora de axé, modelo. A concorrência é desleal: é um puteiro on line. Essas potrancas aparecem na telinha, no youtube, nos realities, fazem pontas em filmes. E os executivos – esses de gravata fininha – ficam babando. Saí com Fulana, saí com Beltrana. Eles nem comem. São todos broxas. Ou viados. Ou os dois.)

FICHA TÉCNICA


Texto: Furio Lonza.
Direção: Xando Graça.
Assistente de direção: Tiago D´Ávila.
Elenco: Joana Lerner e Diana Hime.
Cenário: Carlos Alcantarino.
Trilha sonora: Carlos Café.
Luz: Paulo César Medeiros.
Supervisão de figurino: Flávio Souza.
Visagismo: Rose Verçosa.
Programação Visual: Tita Bevilaqua.
Fotos: Cláudia Ferreira.
Direção de produção: Maria Alice Silvério Lima.

Teatro Maria Clara Machado, Planetário
Rua Padre Leonel França, 240
Gávea, Zona Sul – tel.: 2274-7722
Estreia dia 15 de março.
Até 27 de abril.
Terças e quartas-feiras, 21 horas
Ingressos a R$ 30,00
Não recomendado a menores de 16 anos

Contato de produção:
Maria Alice Silvério Lima
Tel. 2225-7148
balica@globo.com

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